O MOVIMENTO DAS COISAS … COISAS EM MOVIMENTO
NOO – TEMA MOVIMENTO – maio /2016
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Como designer (vidrada em objetos) venho me questionando cada vez mais sobre a “vida” deles. Na verdade, e com toda essa preocupação, estou longe de ser uma acumuladora. Minha palavra de ordem é MOVIMENTO.
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Sabe-se que a humanidade já extrapolou os recursos naturais disponíveis no nosso planeta mais de 30% por cento além da sua capacidade de renovação, e o prognóstico não é nada animador se continuarmos nesse movimento de consumo desenfreado. Em 50 anos precisaremos de dois planetas Terra para suprir nossas necessidades básicas: água, energia e alimentos. A fim de minimizarmos o desgaste da nossa “casa” temos que caminhar em outra direção. E o consumo consciente é apenas uma questão de mudança de hábito. Escolher o suficiente, melhor e evitar desperdício. Nos milhares de objetos que nos rodeiam e , que desejamos, podemos dar um prazo de validade pra eles. Serviu agora, não serve mais, vamos passar adiante, fazer circular. Não é só uma questão de economia, mas de consciência. Que tal? Vamos tentar? Pequenas mudanças no nosso cotidiano podem fazer muita diferença no futuro do nosso planeta.
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E para além do consumo consciente e sustentável que já anda em pauta há algum tempo na nossa sociedade, queria enfatizar um novo conceito que se anima dentro deste tema que é o de CIRCULAÇÃO DE OBJETOS, ou seja, o movimento das coisas nas vidas das pessoas, pelos espaços, atravessando o tempo cronológico para reescrever novas histórias e se perpetuar na memória dos sujeitos que os apreende. Este movimento é uma contribuição espontânea, voluntária e solidária também , já que carrega no seu bojo a ideia de compartilhamento, e visa garantir a sustentabilidade da nossa vida aqui na Terra.
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Muitas vezes esses objetos vão se ressignificando em cada “existência”. Nem mais, nem menos importante, em cada existência uma experiência única e singular. Quantas vezes não ouvimos falar no tal valor sentimental, afetivo? E quantas vidas e possibilidades esses objetos podem impactar?
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Não venho aqui com discurso anticonsumo , nem tampouco incentivo o colecionismo, hábito aliás cultivado desde os primórdios pela humanidade. Ter significava poder. Será que esse valor ainda serve para hoje? Que tal consumir melhor, com critério e assim como os espaços que ora habitamos e deixamos de habitar e até, os relacionamentos que deixam de “valer”, ou melhor, deixam de ser valiosos e temos que desapegar … por que não fazermos o mesmo com as coisas? Que tal pensarmos na “posse” temporária. O empréstimo, aquilo que vale para aquele momento. Buscar o equilíbrio entre o desejo pessoal e a sustentabilidade.
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Nessa linha de cooperação, uso compartilhado , reuso, seja lá o que for, muita gente tem feito as coisas circularem, e nesse movimento de vai e vem, muitas experiências inovadoras e outras mais habituais vem criando oportunidades de negócio. Assim, fomos visitar Vania Yasegi no Espaço Vintage na famosa Feira da Praça XV no Centro da cidade do Rio de Janeiro, seu apreço por roupas de épocas e objetos antigos vem da infância, quando pequena se vestia com as roupas da bisavó.
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Vania acredita que comprando em brechós há valorização histórica de cada peça e, você ainda pode conjugar reuso e reciclagem, e claro, reduzir gastos. Muitas pessoas querem algo para uso próprio, para se comunicar de forma original e com preços bem mais acessíveis, o que cai como uma “luva” em tempos de crise. Ela percebe que além da tribo urbana habitual que cultua o vintage e fashionistas, em geral, que buscam looks genuínos e únicos com tecidos que nem mais existem no mercado com padronagens incríveis. Há também o interesse dos produtores e figurinistas que garimpam peças para reconstituir épocas em produções artísticas.
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A “vintage Hunter” afirma o quê não esquenta no seu espaço:
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“ … as camisas masculinas da década de 60 e 70 do século XX, especialmente com características de flores e estampas bem características dessas épocas. Peças de de estilistas famosos como Yves Saint Laurent, Pierre Cardin e outros tantos nem chegam a respirar nos cabides.”
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Sua exposição de objetos, roupas e acessórios de moda, está localizada bem em frente ao prédio histórico do Paço Imperial, aquele do Dia do Fico, só que lá as coisas não ficam … circulam.
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Nessa mesma praça, um grupo de alunas de design da PUC Rio, o “Coletivo Perpétua”, reviravam as barracas atrás de matéria-prima para suas criações. As meninas transformavam peças, roupas e tudo que encontravam por lá em peças originais, e prontas para uma nova jornada, nova vida por assim dizer.
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Ainda, na mesma linha das meninas “perpétuas”, há a experiência da empresa Insecta Shoes que diz que “sua palavra chave é reaproveitamento”. O tecido de uma simples e “desgastada” calça jeans se transforma num sapato com o solado de borracha também reciclada. E assim, o que era antigo e usado , sem utilidade, se torna em algo novo.
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Uma ideia que vem dando o que falar é a das roupatecas. Em São Paulo (SP) e em Niterói (RJ), diferentemente do brechó, funciona no sistema de assinatura e, como elas mesmas se denominam “…Nem brechó, nem loja e sim uma “biblioteca de roupas”, ou ainda, um “guarda-roupa compartilhado“. Da mesma forma que bibliotecas, as roupatecas em voga, possuem um acervo em que o cliente pode escolher, usar, e devolver as peças.
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E o que é uma biblioteca senão um espaço de circulação de livros? E num movimento um pouco diferente, podemos citar o projeto “Ninho de Livros “da Satrápia que espalha ninhos de livros pela cidade. A ação acontece em espaços públicos com o objetivo de democratizar a leitura, com troca de livros. Olha que maneiro!
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Neste projeto qualquer um pode colaborar, as pessoas podem pegar os livros e deixar outros para doação. Isso em casinhas de madeira que são uma graça e convidativas, só de olhar. As mesmas são instaladas em locais de grande circulação. São colocados em média dez livros em cada casa e em diante as trocas são variáveis.
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Há também objetos que são transferidos múltiplas vezes através do tempo e espaço por grupo de pessoas de forma não convencional. Algumas transferências são mediadas por empresas e, em outros, é feita de maneira autônoma entre as pessoas, o chamado consumo colaborativo (sharing economy), estas se reunem ou para produzir um determinado produto ou simplesmente para adquiri-lo e, é claro , também incluir doação de objetos não utilizados.
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Na verdade, tudo isso não passa de uma nova forma de criação de novos/diferentes valores e relações entre consumidores e objetos em modos de consumo alternativos. Ser um consumidor consciente é levar em consideração todas as etapas da cadeia produtiva : escolher os produtos pelo seu impacto ao meio ambiente, a saúde humana e animal, as relações justas de trabalho, e enfim preço e marca.
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Então, vamos fazer as coisas se movimentarem?
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Para movimentar as coisas:
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Espaço Vintage
Em frente ao Paço imperial
Pça XV de Novembro – Centro do Rio de Janeiro
Sábado de 9h até 15h
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Roupateca RJ
Rua Manoel Pacheco de Carvalho 339
Trevo de Piratininga Niterói RJ
+55.21982029402
[email protected]
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Roupateca SP
| Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 61 – Pinheiros
houseofall.co
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Insecta Shoes
http://www.insectashoes.com