Design e (é) educação
PRA PENSAR · 19 DE NOVEMBRO, 2015
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Como vocês já viram aqui, fomos conferir o que rolou na terceira edição da Semana Design Rio, que aconteceu no começo desse mês, no Jockey Club Brasileiro, aqui do Rio. Ambiente democrático de gente interessada, curiosa, numa bela incursão pelo mundo do Design. Reafirmando a vocação da nossa cidade como polo da indústria criativa.
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Dentre tantas atividades oferecidas: palestras, workshops, estudos de caso e uma exposição (Rio+Design) com os destaques da produção anual carioca e fluminense, o visitante teve , de fato, uma “aula” de Design. E se, com tudo isso à disposição, ainda assim, não fosse o suficiente para acabar com as dúvidas sobre o que é Design, com certeza uma palestra do último dia do evento (magistralmente) esclareceu qualquer dúvida que poderia existir.Fechando com chave de ouro nossa Semana de Design.
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Dentre tantas atividades oferecidas: palestras, workshops, estudos de caso e uma exposição (Rio+Design) com os destaques da produção anual carioca e fluminense, o visitante teve , de fato, uma “aula” de Design. E se, com tudo isso à disposição, ainda assim, não fosse o suficiente para acabar com as dúvidas sobre o que é Design, com certeza uma palestra do último dia do evento (magistralmente) esclareceu qualquer dúvida que poderia existir. Fechando com chave de ouro nossa Semana de Design.
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Intitulada “design e educação” a palestra da designer carioca Roberta Portas*, doutora em Design pela PUC-Rio, foi leve e instigante na sua forma; e esclarecedora, embasada e porque não dizer didática, no seu conteúdo.
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De saída, Roberta já parte de uma premissa reveladora “o design fala para um tempo, um lugar e para pessoas”, ou seja, descontextualizar jamais. O ofício do designer é projetar em um contexto e em uma cultura.
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Quem nunca? Designer ou público em geral ouviram sentenças do tipo: “ah ta, o designer faz objetos para a indústria, né?”. No senso comum, costuma-se atrelá-lo ao desenho industrial puro, ou exclusivamente pelas suas intervenções estéticas. Não é bem por ai.
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Para além dos clichês, a professora nos apresentou outros conceitos acerca da área e do profissional que a desempenha. Design é processo, afirma Roberta. O designer é um pensador de soluções para um problema, uma lacuna, uma oportunidade como ela pontua, em consonância com os anseios da população envolvida.
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Roberta vai além, nos ensina sobre o que é design na sua interface com a educação e segue considerando seus desdobramentos no Design Parceria, e no Design Social.
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A professora sinaliza que a primeira ideia que se sobressai quando falamos de design e educação é a atuação no ensino de design, ou também com relação à produção de materiais didáticos e/ou questões relativas ao ambiente de ensino.
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Ela ainda destaca como relevante, pensar e ampliar a formação desse profissional, que é técnica e ferramental, mas mais do que isso, é a formação de um profissional reflexivo. O designer com esse perfil deve identificar uma oportunidade de projeto e buscar respostas, alternativas, soluções, interagindo com o grupo que vai atender e com a sua própria experiência, para o problema de projeto que sempre é aberto, permitindo assim, resultados diferentes.
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Na sua experiência docente, Roberta relata que vem se dedicando na sua metodologia de ensino a criar situações em sala de aula que incentivassem seus alunos a descobrirem sua própria metodologia de projeto, seu caminho, através das práticas projetuais.
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“Design é transformar…
sinaliza Roberta”
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Como supervisora na disciplina de projeto, desde 2010, buscou parcerias com outras instituições onde o aluno desenvolvesse essa prática para uma situação real, tais como: Médicos sem Fronteiras, Unicef, Viva Rio, as catástrofes na Região Serrana Fluminense, acidentes internos da PUC e Instituto Maniva. Este último, em articulação com o Circuito de Feiras Orgânicas.
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Exemplificando a abordagem do design e educação como processo/meio, Roberta discorre sobre o Acordo de Cooperação Técnico Científico celebrado entre PUC Rio, Unicef e Ministério da Educação de São Tomé e Príncipe, ilhas principais de arquipélago no Golfo da Guiné. Esse projeto, em curso, se desdobrou numa pesquisa mais extensa, objetivando desenvolver a base para a educação infantil daquele país no âmbito do currículo, da formação de professores e dos materiais didáticos.
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A meta é atingir em 2016: 9383 crianças, 615 educadores e 102 escolas. A equipe envolvida é multidisciplinar com designers e educadores, sendo dois coordenadores, três professores doutores, um mestre, quatro alunos bolsistas e alguns voluntários.
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O seu desenvolvimento já resultou em seis missões a São Tomé e Príncipe e em dois visitas da equipe deles ao nosso país, num exercício conjunto de construção desses produtos/processos, que são testados com os professores e crianças em oficinas, dinâmicas de sala de aula e, eventualmente, através de vídeo conferências. A proposta também é buscar soluções com materiais locais, devido aos poucos recursos econômicos existentes.
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No seu discurso, a professora nos ajudou a entender que designers criam, idealizam, desenvolvem e concebem produtos/processos novos todos os dias, mas também serviços para melhoria da qualidade de vida das pessoas. Nosso cotidiano é impregnado sim de design, embora muitas vezes nem tenhamos consciência disso. E, ainda, cuidam da imagem do cliente.
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O design é trans/interdisciplinar e é no diálogo com outros campos de saber que o design “se cria”, criativamente na sua essência.
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Ao final da palestra, quando a gente achou que já tinha aprendido tudo, nos lembramos que aprender é ter dúvidas, é estar à deriva das próprias certezas, é ter um infinito de questões e continuar aprendendo.
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Como designer e educadora saí de lá refletindo: não seria o design uma metodologia da educação? Design é educação? Bom, na dúvida defendemos, como tantos outros, a inclusão permanente do design como disciplina no currículo da educação básica. Design para e com as crianças formando sujeitos reflexivos.
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E o melhor de tudo, nesses tempos de “vacas magérrimas”, o acesso a todo esse conteúdo de qualidade era gratuito. #ficaadicaparaopublico.
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Viva a Semana de Design Rio!
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*Roberta Portas é designer e doutora em Design pela PUC-Rio, tem experiência em projetos de Comunicação Visual, atuando principalmente nos seguintes temas: identidade visual, design editorial, design de exposições e produção gráfica